terça-feira, 23 de junho de 2009

DICA: GRASSROOTS


O documentário brasileiro grassroots (termo relativo as classes mais inferiores da sociedade) retrata a vida de jovens do Comboja que lutam cotidianamente pela vida e sonham em reerguer seu país arruinado pelo governo do Khmer Vermelho, uma fação comunista radical e foi financiada pelos Estados Unidos.
Os depoimentos são comoventes e a qualidade da fotografia do filme o torna ainda mais envolvente. É possível observar o predominio de uma linguagem observativa (sem interferência evidente do documentarista) na construção da obra. Este tipo de abordagem faz com que tenhamos uma próximidade maior aos personagens retratados. É como se houvesse uma espécie de “dialogo” direto entre os jovens do filme e o próprio expectador, estratégia que torna o documentário atraente e inressante do começo ao fim.
Outro aspecto importante, agora quanto ao conteúdo, é a busca heróica dos personagens por uma qualidade de vida que, aos nossos olhos, não passaria de migalhas. Ironicamente, a única chance de ser “alguém” naquele país é aprender inglês. Idioma do país que financiou a destruição física e minou as lideranças culturais do nação bem como qualquer outra fonte de conhecimento. A extinção do saber foi usada como arma de denomição e o Camboja, hoje livre, é escravo de sua própria ignorância.


Por Rafael Bianchi



A enfermeira Thaila faz especialização em Saúde da Família na Universidade Federal de são Carlos. Ela conta que para as mulheres que sãoa tendidas no programa, a principal dificuldade é conseguir sentir prazer, e acreditem, o principal motivo ainda é a questão patriarcal da sociedade, que ainda reflete culturamente.

postado por Carolina, Danila, Matheus, Michel e Rafael



A enfermeira Angelina, trabalhou na antiga maternidade MATER, em Ribeirão Preto, que cuida de gestantes do complexo Aeroporto. Ela fala um pouco sobre a quantidade de adolescentes grávidas que ela tratou e explica os principais motivos que levam às adolescentes a engravidarem. É preciso que a sociedade dê mais atenção a esta questão!

postado por Carolina, Danila, Matheus, Michel e Rafael

Consultoria em Relacionamentos





A consultora Cátia Santos dá palestras sobre relacionamentos, voltadas principalmente às mulheres. Aqui, ela fala para gente, um pouco sobre os temas que afligem o mundo feminino. Confiram!

postado por Carolina, Danila, Matheus, Michel e Rafael

UMA MENTE PERIGOSA

O Comsensual falou com Thais Verônica de Lima, uma blogeira de sucesso autora de contos eróticos publicados no “denoitenacama”. O blog tem freqüentares assíduos e é uma ótima opção para quem curte leitura de boa qualidade. É possível gastar agradáveis horas em frente ao PC, perdido nas descrições perfeitas e no estilo envolvente da autora. Um banho de cultura sem pudores e hipocrisias. Confira a entrevista.

Como você começou a escrever?
Foi uma maneira que encontrei de criar o meu o mundo. Um mundo que me faz bem. Uma vez vi uma entrevista, creio que do Arnaldo Jabor, ele dizia que para escrever é preciso não pudor nenhum. Isso ficou na minha cabeça. Escrever sem puder é um exercício que liberta e canaliza os sentimentos.
Por que escrever textos de conteúdo erótico?
Eu até poderia escrever sobre a fome, o Brasil ou qualquer outra coisa mais produtiva mas escrevo porque é um tema que me interessa e porque a sexualidade é uma coisa muito natural embora a sociedade não a veja de tal maneira. Foi justamente ai que encontrei o meio de por em prática o “não ter pudor nenhum”.
É possível que o sucesso do seu blog se deva ao fato de você dizer coisas que as pessoas gostariam de falar ou ouvir mas não têm coragem?
Muito. Eu, por exemplo, gosto de ler coisas com as quais me identifico. Recebo muitos comentários do tipo “já pensei nisso” ou “gostaria de ter escrito isso”. As pessoas realmente gostam.
Para escrever, você se baseia em experiências pessoais ou apenas imagina?
Me Baseio muito em sentimentos. Sinto-me livre para escrever sobre o que eu quiser. As vezes escrevo inspirada em pessoas que me contam coisas. Uso as os casos reais como base e crio ainda mais em cima disso.
Quais são suas influências quanto ao estilo do texto?
Gosto de autores de estilos diferentes. Por exemplo, Caio Abreu, Fernanda Young, Marcelo Mirisola, Henry Muller... Eles me influenciam. As vezes começo a ler duas coisa ao mesmo tempo e me criando no meio disso tudo. Essa é minha válvula de escape.

“O erótico está em tudo. A sexualidade não tem que estar relacionada a uma coisa sórdida, mas, se for, é exatamente isso que eu vou buscar. Quero mergulhar no podre para tirar o belo.”
Thais Verônica

Por Rafael Bianchi

A autora, gentilmente, cedeu alguns contos que você pode ler a seguir. E se você gostar dessa pequena amostra, não deixe de visitar o geraldomeentende.blogspot.com

CONTO

Tinha alguma coisa diferente nela. Alguma coisa pré-estabelecida desde o telefonema de ontem e que eu não tinha sacado. Agora estou aqui sentado com essa cueca suja de três dias enquanto ela caminha em minha direção. E ela vem com essa coisa diferente que eu não sei o que é. Alguma coisa no quadril, não sei, me parece mais largo, será que ela engordou? Não, mas o quadril está diferente, acho que mais frouxo como se estivesse seguro por dois fios prestes a arrebentar. Um quadril frouxo, definitivamente debochado, puta merda, ela andou trepando. Maldita, vagabunda, diaba, piranha, manipuladora, que porra é essa? Meu pau ta duro? - Nada como a culpa pra reforçar a tesão. Ela chega perto e eu continuo sentado, encosta o peito no meu ombro me dá um beijo no rosto e me sorri esse sorrisinho mal disfarçado de quem fodeu a noite inteira. Safada, rameira, e ainda por cima diz que sentiu saudade, me chama de meu amor. Eu sabia que ia me ferrar - desde o começo - mordiaa nuca dela e ela arqueava as costas feito uma gata oferecida, dessas que se enroscam na perna alheia com o rabo levantado, interesseira, vadia, mentirosa. Eu sabia que ia me ferrar, eu metia fundo naquela boceta cheia de dentes macios e pensava; eu vou me ferrar, eu vou me ferrar. Dentro dela há um mar vermelho quente e úmido, coisa traiçoeira, cheia de ressaca, um mar revolto que me engolia doído, pequeno. Eu pedia pra esporrar naquele rostinho e ela me dizia que não, pedia mais um pouco, lambia ela direitinho e ela deixava - só comigo e que me amava - e tudo explodia meu bem, tudo em mim estourava, um vulcão demoníaco que fervilhava meu pau e eu voava alto meu bem, voava até o céu e ficava pulando de nuvem em nuvem. Ela tinha porra minha por toda cara, pelos cabelos, pelos ombros e pela perna e a maldita se limpava com a língua, lambia os dedos como se fosse pêssego em calda, era lindo de ver e ela sabia disso. Depois eu pedia o cu e ela negava, tinha medo, achava errado, impuro, então eu levava ela pra jantar num restaurante bacana cheio de frescura, lambia ela direitinho, dizia que ela era a mulher da minha vida, ela fazia cara de assustada, me pedia pra ir devagar que o cu era virgem e que ela me amava, eu dizia tudo bem gata e a vadia gozava profissionalmente, uma, duas, três vezes. E nem digo isso contando vantagem, eu sabia que ela era perfeitamente capaz de gozar sem qualquer truquezinho barato que eu pudesse oferecer. Sabe, eu queria ser que nem esses caras com plástico no carro “Eu amo a Bahia”, esses caras que a gente vê por aí em porta de churrascaria, mas eu não sou assim, eu coloco uma blusa amarela, não dá certo, é feio, não combina. Eu não combino com amarelo, vermelho, eu sou um homem cinza e eu devia ter esfaqueado a vadia enquanto ela dormia. Agora ela fica me contando da sua vidinha nova, do seu carro novo, do apartamento novinho em folha e eu me arrependo de não ter passado a faca na garganta dela. Ela percebe e fica excitada, é claro, vadia. Mulherzinha infernal - acho que eu amo ela, amoela, amoela (sonoro).

Thais Verônica

CONTO

Eu evitava qualquer contato a luz do dia. Era menos embaraçoso, porque eu sempre sentia meus pés dormentes e pinicantes, e assim, a luz do dia, eu desconfiava que algo mais pudesse transparecer. Nas madrugadas furtivas - no breve contato de suas mãos com meu braço - eu era impelida ás pressas a um estado de dormência geral. É quando o corpo experimenta uma pulsação inigualável. É aquele instante em que você sente o outro e ele te sente também sem que se precise baixar os olhos ou as mãos para conferir nada. Essa dilatação tépida transparece já na cara, nos olhos, os lábios incham. Tínhamos, os dois, uma atração irrefreável pelos surtos físicos, inclusive os vividos em ambientes com perigo de flagrante, dentro do carro debaixo de uma arvore, atrás de uma pedra, qualquer beco escuro servia para nossos encontros insustentáveis. Parecíamos répteis serpenteando, deitados de lado, frente a frente, de olhos abertos encarando no outro o gozo que precedia. Onde o corpo de um recuava, o outro avançava. De repente, aflita, trêmula, trazia sua nuca para minha boca. A nuca cheirava, um cheiro de intimidade abusiva, era justamente ali que eu viajava inebriada no mais secreto dele, sem nada pedir ou oferecer, sem nada pensar. Eu solenemente escondia dele o meu envolvimento com seu cheiro, o silêncio. Era justamente ali que a vontade de se misturar mais me tomava. E a cada despedida uma confissão queria sair de ambos, mas não sentia a força da boca atrás de um norte, para então sumir de nosso alcance. Clamo por um amor sem nome, posto que agora o oculto a meu faro, quando por fim gozo litros em cima desse homem astuto, a engolir de dentro de mim o meu sumo já todo lambuzado de nós dois. Agora, sem ele, adivinho alcançar uma noite em que precisarei fechar os olhos ao foder com um ou com outro. E usar o corpo de um para gozar no corpo de outro. E verificar no espelho das palavras a gasta copia das coisas, em detrimento da sedução física do verbo. Ao chegar aí eu poderei beijar o ar, o mármore, tudo, pois assim estarei beijando meu amado em seu ponto máximo de rarefação, e quem sabe ele próprio não pudesse se diluir - e fulminantemente - de mim.

Thais Verônica